Li pela primeira vez o livro Paulo e Estevão em 2009 e entendi que tudo o que nos contaram durante anos tratava-se de uma meia verdade. A igreja católica apoiou-se em Pedro para forjar uma religião cheia de dogmas e fazer dele o primeiro Papa.
Ao ler o livro, entendi que Paulo, ao contrário do que muitos pensam, foi o maior responsável pela disseminação do cristianismo por todo o Império Romano, e não Pedro. Logo, Paulo deveria ter sido o primeiro Papa; mas, como podiam os criadores da Igreja Católica ignorar o fato de ter sido ele responsável pela morte de Estevão, o primeiro mártir do cristianismo nascente e esquecer que Paulo fora um perseguidor de cristãos?
Na verdade, sem Paulo, o cristianismo talvez não tivesse sobrevivido a Jesus. O Mestre conhecia todos os apóstolos que convocou, sabia quão medrosos eles eram, e também que não entendiam a maior parte de seus ensinamentos. Muitos eram homens ignorantes, simples pescadores, temerosos e incapazes de suportar as mesmas dores que Jesus suportou. Mas amavam o Mestre com todas as fibras de seus corações e foram personagens importantíssimos do cristianismo.
Jesus precisava, então, de um homem corajoso, inteligente e profundo conhecedor das leis de Deus para assumir a tarefa de difundir sua Boa Nova a todos. Esse homem só poderia ser Saulo de Tarso, que fora discípulo de Gamaliel, um doutor da lei magnânimo e bondoso, contrário a qualquer violência.
Num primeiro momento, Saulo não entende os ensinamentos de Jesus e passa a perseguir de modo feroz seus seguidores, que chamava de neo-crucificados. Graças a essa perseguição ferrenha, os seguidores de Jesus fugiram de Jerusalém e espalharam-se por todos os cantos do Mundo Antigo, espalhando a Boa Nova. Essa foi a primeira contribuição de Saulo à expansão do cristianismo. Um bem resultando de um mal.
A segunda contribuição deu-se a partir do momento que Jesus lhe aparece, a Caminho de Damasco, momento em que Saulo, instantaneamente, lembra do compromisso assumido quando se encontrava no Plano Espiritual, tanto que pergunta ao Mestre:
Senhor, que queres que eu faça?
A partir desse momento, Saulo transforma-se completamente e, graças a seu espírito universal, forjado em Tarso pelos ensinamentos dos mestres gregos, entende instantaneamente que Jesus não veio apenas para os hebreus, mas para todos, de forma indistinta, e sente que precisava sair pelo mundo divulgando a Boa Nova também aos gentios, ao contrário do que pensavam os primeiros apóstolos, que insistiam em converter seus irmãos de raça e em manter os costumes da religião judaica.
As viagens que empreendeu, fundando igrejas, ensinando e levando a todos a mensagem do Evangelho de Jesus, fez com que o cristianismo florescesse por toda parte, chegando intacto até os nossos dias.
Anne Marie Lanatois
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