trecho do item “Intervenção da Ciência no Espiritismo”. Revista Espírita, Junho de 1859.
"Seria injusto afirmar que todas as entidades de sábios são contrárias ao Espiritismo, pois sabemos que ele tem mais adeptos na classe das pessoas esclarecidas.
Todos lembramos o grande numero de invenções e descobertas que os cientistas já desprezaram e que mais tarde foram obrigados a reconhecer. Não estamos dizendo com isso que eles sejam ignorantes... O problema é que concluem algumas coisas de maneira leviana, com total confiança em suas próprias inteligências. Dão apressadamente sua palavra final e aí são desmentidos. É que as ciências comuns entendem da matéria, enquanto o Espiritismo lida com inteligências independentes. Não pode ser examinado pela anatomia, por laboratórios e nem está de acordo com a nossa matemática. Quanto a isso, não cabe à ciência comum dar qualquer opinião a respeito, como por exemplo, mesmo se quisesse, não poderia firmar a existência de Deus.
A opinião pública é o grande juiz do Espiritismo. No passado, muitos acreditavam que a Terra ficava parada, e que o Universo girava em torno dela. Mas isso não impediu que a Terra continuasse girando...
A dança das mesas não é mais ridícula que a dança das rãs*, e ambas são fenômenos que chegaram para revolucionar a humanidade. Como nos disse um sábio médico que era incrédulo e hoje é um fiel dedicado à doutrina: porque motivos seres que estão invisíveis não podem se comunicar conosco? Antes do microscópio ninguém adivinhava presença de milhões de animaizinhos a afetar nossa saúde. Porque não haverá seres no espaço que não enxergamos? Seremos assim tão ridículos e pretensiosos para achar que já sabemos tudo e não temos mais nada a aprender com Deus? O Espiritismo explica inúmeras crenças da antiguidade, e confirma que a alma é individual, que existe antes do nascimento e continua a existir após a morte. É a pedra fundamental da própria religião, que nem consegue dizer com clareza o que acontece com as almas, enquanto o Espiritismo define tudo em detalhes. É uma crença que nasce da análise e da meditação..."
Allan Kardec
Livro: Revelações da Revista Espírita. Alceu Nunes. Edições FEESP, 1ª Ed., maio de 2009.
Tradução: Alceu Nunes
*Galvani notou que as rãs dissecadas, expostas em pedaços sobre uma superfície de ferro, davam pulos. Dessa observação a ciência caminhou para o conhecimento do fluido nervoso e, mais tarde, da pilha elétrica.
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