Com a aproximação da Páscoa, vem sempre à nossa mente os fatos ocorridos durante a última semana de Jesus sobre o nosso Planeta.
Deixando de lado a importância excessiva que algumas religiões cristãs dão às comemorações da Semana Santa, nós, espíritas, nos preocupamos muito mais com a mensagem que o Mestre veio nos trazer do que em relembrar, ano após ano, os horríveis episódios que levaram à sua crucificação.
Uma das lições mais importantes que Jesus nos deixou é encontrada na Parábola do Bom Samaritano.
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Então, levantando-se, disse-lhe um doutor da lei, para o tentar: Mestre, que preciso fazer para possuir a vida eterna?
Respondeu-lhe Jesus:
- Que é o que está escrito na lei? Que é o que lês nela?
Ele respondeu:
- Amarás o Senhor teu Deus de todo o coração, de toda a tua alma, com todas as tuas forças e de todo o teu espírito, e a teu próximo como a ti mesmo.
Disse-lhe Jesus:
- Respondeste muito bem; faze isso e viverás.
Mas, o homem, querendo parecer que era um justo, diz a Jesus: Quem é o meu próximo?
Jesus, tomando a palavra, lhe diz:
Um homem, que descia de Jerusalém para Jericó, caiu em poder de ladrões, que o despojaram, cobriram de ferimentos e se foram, deixando-o semimorto. Aconteceu em seguida que um sacerdote, descendo pelo mesmo caminho, o viu e passou adiante. Um levita, que também veio àquele lugar, tendo-o observado, passou igualmente adiante. Mas, um samaritano que viajava, chegando ao lugar onde jazia aquele homem e tendo-o visto, foi tocado de compaixão. Aproximou-se dele, deitou-lhe óleo e vinho nas feridas e as pensou; depois, pondo-o no seu cavalo, levou-o a uma hospedaria e cuidou dele. No dia seguinte tirou dois denários e os deu ao hospedeiro, dizendo: Trata muito bem deste homem e tudo o que despenderes a mais, eu te pagarei quando regressar.
Qual desses três te parece ter sido o próximo daquele que caíra em poder dos ladrões?
– O doutor respondeu: Aquele que usou de misericórdia para com ele.
– Então, vai, diz Jesus, e faze o mesmo.
(Evangelho de Lucas, 10: 25-37)
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"Toda a moral de Jesus se resume na caridade e na humildade, isto é, nas duas virtudes contrárias ao egoísmo e ao orgulho. Em todos os seus ensinos, ele aponta essas duas virtudes como sendo as que conduzem à eterna felicidade: Bem-aventurados, disse, os pobres de espírito, isto é, os humildes, porque deles é o reino dos céus; bem-aventurados os que têm puro o coração; bem-aventurados os que são brandos e pacíficos; bem-aventurados os que são misericordiosos; amai o vosso próximo como a vós mesmos; fazei aos outros o que quereríeis vos fizessem; amai os vossos inimigos; perdoai as ofensas, se quiserdes ser perdoados; praticai o bem sem ostentação; julgai-vos a vós mesmos, antes de julgardes os outros. Humildade e caridade, eis o que não cessa de recomendar e o de que dá, ele próprio, o exemplo. Orgulho e egoísmo, eis o que não se cansa de combater. E não se limita a recomendar a caridade; põe-na claramente e em termos explícitos como condição absoluta da felicidade futura." (ESE, Cap. XV, 2-3)
Com essa lição, Jesus quis demonstrar que a Caridade não é uma das condições da salvação, mas a única. Jesus colocou a caridade em primeiro lugar dentre as virtudes, porque nela se concentram todas as demais, sendo também a negação absoluta do orgulho e do egoísmo.
Hoje, decorridos dois mil anos da passagem de Jesus pelo Planeta, sabemos que a caridade é o amor em ação e que o espírita e o cristão são uma só pessoa. Essa é a explicação para a frase, pois a caridade é o conjunto de todas as qualidades morais e pode ser encontrada na bondade e na benevolência em relação ao próximo.
Ela é a maior de todas as virtudes, a respeito do que Paulo nos ensinou: Fora da caridade não há salvação.
Afinal, o que é a salvação, de que Jesus falava?
Vivendo num mundo de expiação e de provas, hoje sabemos que a causa de nossas aflições são o resultado de nossos atos em vidas anteriores, as quais podem ser explicadas pela lei de causa e efeito (ou lei de ação e reação); descobrimos, então, que tudo tem uma razão de ser e entendemos que nossa única saída, nos momentos mais difíceis, é aceitar a oferta de Jesus e colocar em suas mãos o nosso fardo, pois apenas Ele poderá nos consolar nesses momentos...
Por outro lado, conhecendo agora a profundidade dos ensinamentos de Jesus, sabemos que a salvação só depende de nós, pois: a cada um segundo as suas obras. Não podemos mais nos iludir e ignorar que o nosso futuro, seja no Mundo Espiritual ou em próximas reencarnações, só depende de nós mesmos, pois, como nos ensina Emmanuel: “Quanto mais sublimes nossas noções do bem, mais imperiosos os nossos deveres de socorro às vítimas do mal. O mensageiro do Cristo é o braço do Evangelho.”
Anne Marie Lanatois
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