Ao estudar O Livro dos Espíritos, codificado por Kardec, o estudioso encontra, na Parte Terceira, vários capítulos que tratam das Leis Morais, ou subdivisões da lei natural ou divina, sendo a primeira delas a LEI DE ADORAÇÃO. Iniciando o estudo, na questão 649 Kardec formula a seguinte pergunta aos Espíritos:
Em que consiste a adoração?
A resposta dos Espíritos:
Na elevação do pensamento a Deus.
A explicação dada pelos Espíritos torna tudo muito simples para os homens de hoje. Mas nem sempre foi tão fácil assim; os homens demoraram a entender que basta elevar o pensamento para entrar em contato com o Criador, sem necessidade de intermediários, templos magníficos, oferendas, sacrifícios.
Em todas as épocas, todos os povos praticaram, a seu modo, atos de adoração a um Ente Supremo, o que demonstra ser a idéia de Deus inata e universal.
Com efeito, jamais houve quem não reconhecesse intimamente sua fraqueza, e a consequente necessidade de recorrer a alguém todo-poderoso, buscando-lhe o arrimo, o conforto e a proteção nos transes mais difíceis de nossa atribulada existência terrena.
Tempos houve em que cada família, cada tribo, cada cidade e cada raça tinha os seus deuses particulares, em cujo louvor o fogo divino ardia constantemente na lareira ou nos altares dos templos que lhes eram dedicados.
Retribuindo essas homenagens (assim se acreditava), os deuses tudo faziam pelos seus adoradores, chegando até a se postar à frente dos exércitos das comunas ou das nações a que pertenciam, ajudando-as em guerras defensivas ou de conquista.
Em sua imensa ignorância, os homens sempre imaginaram que, tal qual os chefes tribais ou os reis e imperadores que os dominavam aqui na Terra, também os deuses fossem sensíveis às manifestações do culto exterior, e daí a pompa das cerimônias e dos ritos com que os sagravam.
Imaginavam-nos, por outro lado, ciosos de sua autenticidade ou de sua hegemonia e, vez por outra, adeptos de uma divindade entravam em conflito com os de outra, submetendo-a a provas, sendo então considerada vencedora aquela que conseguisse operar feito mais surpreendente.
Sirva-nos de exemplo o episódio constante do III Livro dos Reis, capítulo 18, v. 22-40.