O PODER DA FÉ




(...) um homem se aproximou de Jesus e, lançando-se de joelhos a seus pés, disse: Senhor, tem piedade do meu filho, que é lunático e sofre muito, pois cai muitas vezes no fogo e muitas vezes na água. Apresentei-o aos teus discípulos, mas eles não o puderam curar. – Jesus respondeu, dizendo: Ó raça incrédula e depravada, até quando estarei convosco? Até quando vos sofrerei? Trazei-me aqui esse menino. – E tendo Jesus ameaçado o demônio, este saiu do menino, que no mesmo instante ficou são. – Os discípulos vieram então ter com Jesus em particular e lhe perguntaram: Por que não pudemos nós outros expulsar esse demônio? – Respondeu-lhes Jesus: Por causa da vossa incredulidade. Pois em verdade vos digo, se tivésseis a fé do tamanho de um grão de mostarda, diríeis a esta montanha: Transporta-te daí para ali e ela se transportaria, e nada vos seria impossível. Mateus, 17:14-20
O Evangelho Segundo o Espiritismo, no Cap. XIX, itens 1 a 5, nos fala sobre a cura de um menino lunático por Jesus; o pai da criança conta que os discípulos não foram capazes de curá-lo e Jesus os repreende e lhes explica que não foram capazes de curá-lo por causa da sua incredulidade e lhes mostra que se a sua fé fosse do tamanho de um grão de mostarda, não só seriam capazes de curar, mas também de dizer à montanha: Transporta-te daí para ali e ela se transportaria, e nada lhes seria impossível.
O exemplo que Jesus usa – o grão de mostarda, que é o menor grão que existe, significa que não é necessária uma fé muito grande para transportar uma montanha.
As montanhas de que Jesus fala aos discípulos são as dificuldades, as tribulações que todos nós suportamos, independentemente da nossa posição social.
A fé de que Jesus nos fala é a capaz de vencer os obstáculos, as dificuldades; é a fé robusta, que nos dá a perseverança e a energia para seguir em frente em direção de nossos objetivos, sejam eles quais forem, não importa o tempo que levar. 

MORADA DOS BEM-AVENTURADOS


Falemos das últimas espirais da glória, habitadas pelos Espíritos puros. Ninguém as atinge antes de haver atravessado os ciclos dos Espíritos errantes. Júpiter está no mais alto grau da escala. Quando um Espírito, longamente purificado por sua estada nesse planeta, é julgado digno da suprema felicidade, é disso advertido por um redobramento de ardor; um fogo sutil anima todas as partes delicadas de sua inteligência, que parece irradiar e tornar-se visível; deslumbrante, transfigurado, ele clareia a luz que parecia tão radiosa aos olhos dos habitantes de Júpiter; seus irmãos reconhecem o eleito do Senhor e, trêmulos, ajoelham-se ante a sua vontade. Entretanto, o Espírito escolhido eleva-se, e os céus, na sua suprema harmonia, lhe revelam belezas indescritíveis.

À medida que sobe, compreende, não mais como na erraticidade, não mais vendo o conjunto das coisas criadas, como em Júpiter, mas abarcando o infinito. Sua inteligência transfigurada eleva-se como uma flecha até Deus, sem tremor e sem terror, como num foco imenso alimentado por mil objetos diversos. O amor, nesses diversos Espíritos, reveste a cor de sua personalidade; eles se reconhecem e se regozijam. Refletidas, suas virtudes repercutem, por assim dizer, as delícias da visão de Deus e aumentam incessantemente com a felicidade de cada eleito. Mar de amor que cada afluente aumenta, essas forças puras não ficam mais inativas que as forças de outras esferas. Logo investidos do dom da ubiqüidade, abrangem ao mesmo tempo os detalhes infinitos da vida humana, desde a sua eclosão até as últimas etapas. Irresistível como a luz, sua vista penetra por toda parte simultaneamente e, ativos como a força que os move, espalham a vontade do Senhor. Como de uma urna cheia escapa a onda benfazeja, sua bondade universal aquece os mundos e confunde o mal.

Esses diversos intérpretes têm como ministros de seu poder os Espíritos já depurados. Assim, tudo se eleva, tudo se aperfeiçoa e a caridade irradia sobre os mundos, que alimenta em seu seio poderoso.

Os Espíritos puros têm como atributo a posse de tudo quanto é bom e verdadeiro, porque possuem o próprio princípio, que é Deus. O próprio pensamento humano limita tudo que abrange e não admite o infinito, que a felicidade não limita. Depois de Deus, que pode haver? Deus ainda, sempre Deus. O viajante vê os horizontes se sucederem aos horizontes e um é apenas começo de outro; assim, o infinito se desdobra incessantemente. A maior alegria dos Espíritos puros é precisamente essa extensão tão profunda quanto a própria eternidade.

Do mesmo modo que não se descreve uma graça, uma chama e um raio, não posso descrever os Espíritos puros. Mais vivos, mais belos e mais resplandecentes que as mais etéreas imagens, uma palavra resume seu ser, seu poder e seus prazeres: Amor! Preenchei com esta palavra o espaço que separa a Terra do Céu, e ainda não tereis senão a idéia de uma gota de água no mar. Por mais grosseiro que seja, só o amor terrestre pode vos dar idéia de sua divina realidade.

Espírito: Georges
Médium: Sra . Costel
Fonte: Revista Espírita - Outubro de 1860