Filhos: empréstimo divino




Desde o dia em que tu nasceste, eu criei a ilusão dentro de mim, que poderia caminhar por ti.

Imaginei que colocaria teus pés sobre os meus e te levaria pelos caminhos que eu julgasse mais tranquilos e seguros.

Dessa maneira, tu nunca feririas teus pés pisando em espinhos ou em cacos de vidro e jamais te cansarias da caminhada. 

Nem mesmo precisarias decidir qual estrada tomar. 

Isso seria eternamente minha responsabilidade.

E foi assim durante um bom tempo. Caminhei por ti e para ti.

Então, o tempo veio me avisar bruscamente que essa deliciosa tarefa não faria mais parte dos meus dias.

Teus pés cresceram e eu já não conseguia mais equilibrá-los em cima dos meus e, quando eu menos esperava, eles escorregaram e alcançaram o solo.

Hoje sou obrigado a vê-los trilhar caminhos nos quais os meus jamais os levariam e ainda tento detê-los insistentemente, mas só consigo raríssimas vezes.

REENCARNAÇÃO: modo de resolver problemas de outras vidas


Lendo o livro de Hermínio C. Miranda Nossos Filhos são Espíritos, encontrei casos interessantes sobre a reencarnação, nos quais o autor prova que o feto não é uma coisa, como muitos pensam. O feto é gente, como nós; é um Espírito, exatamente como nós; embora no início ele seja um mero ajuntamento das duas ou quatro células, na realidade ele é um espírito adulto e consciente, dotado de todo um acervo de experiências anteriores, vividas em outras existências terrenas. 

Um dos casos relatados no livro do Hermínio, como o que vou transcrever abaixo, explica a razão de abortos espontâneos, demonstrando que, por vezes, é o próprio Espírito quem reluta em aceitar renascer em determinada família, onde entrará em contato com velhos adversários e precisará resolver conflitos antigos que ficaram pendentes. 

Vejamos o caso.

Abraço de filho


Abraço de filho deveria ser receitado por médico.

Há um poder de cura no abraço que ainda desconhecemos.

Abraço cura ódio. Abraço cura ressentimento. Cura cansaço. Cura tristeza.

Quando abraçamos soltamos amarras. Perdemos por instantes as coisas que nos têm feito perder a calma, a paz, a alma...

Quando abraçamos baixamos defesas e permitimos que o outro se aproxime do nosso coração. Os braços se abrem e os corações se aconchegam de uma forma única.

E nada como o abraço de um filho...

Supercultura



“..Graças te rendo, ó Pai, Senhor dos Céus e da Terra, por haveres ocultado estas coisas aos doutos e aos prudentes e por as teres revelado aos simples e pequeninos!” (Mateus, 11: 25)

“Homens, por que vos queixais das calamidades que vós mesmos amontoastes sobre as vossas cabeças? Desprezastes a santa e divina moral do Cristo; não vos espanteis, pois, de que a taça da iniqüidade haja transbordado de todos os lados.” (ESE, Cap. VII, item 12)

***

Alfabetizar e instruir sempre. 

Sem escola, a Humanidade se embaraçaria na selva; no entanto, é imperioso lembrar que as maiores calamidades da guerra procedem dos louros da inteligência sem educação espiritual. 

A intelectualidade requintada entretece lauréis à civilização, mas, por si só, não conseguiu, até hoje, frear o poder das trevas. 

A supercultura monumentalizou cidades imponentes e estabeleceu os engenhos que as arrasam. 

O Mistério de Edwin Drood



Charles Dickens estava trabalhando neste livro quando morreu subitamente, em 9 de junho de 1870, aos 58 anos de idade. 

Seu imenso e fiel público leitor ficou desolado, principalmente considerando-se  que O Mistério de Edwin Drood era sua primeira incursão pelo nascente gênero da literatura policial e ele não deixou qualquer roteiro sobre como pretendia encaminhar e concluir a estória. 

Dois anos depois, Dickens retornava, através da mediunidade de Thomas P. James, jovem e inculto médium americano, para finalizar a obra. 

Com olímpica arrogância, os meios literários internacionais simplesmente ignoraram a metade mediúnica do livro, no pressuposto irrecorrível de que, ao escrevê-la, Dickens estava morto e gente morta não pode escrever. Parece, no entanto, que alguém esqueceu de combinar isso com os mortos, que continuam produzindo seus textos como sempre fizeram... Pelo menos, desde que aquela mão invisível traçou, nas paredes de um bíblico salão de festanças, as três palavras que anunciavam o fim do reinado de Baltazar. 

As Publicações Lachâtre assumem a desafiadora atitude de resgatar literalmente do limbo o texto que há cerca de 130 anos vem sendo injustamente considerado maldito. 

Se você, leitor/leitora, ainda guarda alguma reserva e prefere não se comprometer, leia o livro discretamente, como se não soubesse que foi um fantasma que escreveu seu emocionante final.

Obs.: O livro deve ser tão bom, mas tão bom, que está esgotado e nova edição está prevista para ser lançada em março deste ano 2012.

Profissão Amaldiçoada

Como muitos diariamente o faziam, este também chegou à porta e bateu.

— Dá licença?

— Pode entrar.

Era um homem baixinho, idoso, com o guarda-chuva escorrendo água, cabelos grisalhos e cavanha­que ralo no queixo pontudo.

— Queria falar com o senhor.

—  Já lhe atendo. Sente-se. E apontei-lhe uma cadeira ao meu lado.

— Muito obrigado, fico de pé. E ficou, até que nos voltamos para atendê-lo.

— Muito bem, amigo. Pode falar o que deseja.

*

Este é o introito de um dos casos mais impres­sionantes, dos muitos que atendemos em vários anos.

*

— Sou do interior, na margem do Paraná. Tenho uma fazenda muito boa, mas vivo sozinho, porque mi­nha mulher me abandonou. Trabalhei muito e agora, depois de velho, me veio um remorso muito grande e não tenho mais sossego.

Falava de cabeça baixa sem olhar...