O Guia Espiritual

[...] Consoladora é a crença doutrinária que prova ao homem com fatos concludentes a existência de um Guia Espiritual que junto dele desempenha missão tutelar conferida pelas leis do Todo Misericordioso e Complacente. O Guia Espiritual será como um agente do Amor Divino junto das criaturas. Ele conhecerá, com precisão, as leis sobre que o Criador estabeleceu a harmonia moral das sociedades espirituais, e as aplica com sabedoria equivalente ao próprio grau de elevação na escala do aperfeiçoamento. Se necessita inspiração para os graves problemas a solucionar dentro das atribuições que lhe são conferidas, ele a suplica, ardoroso, ao Grande Foco que nas profundezas do Infinito irradia sabedoria sobre o Universo todo, e o Grande Foco lhe refloresce as energias na mente lúcida, que se amplia, vigorosa, no carreiro a prosseguir. E incompreensível e incompreendido pela maioria das individualidades às quais se dedica.


Sua formosura integral, resplandecente de virtudes imortais, passaria despercebida aos olhos da vulgaridade, se a esta fosse possível defrontá-lo. A fim de contemplá-la e compreendê-la em toda a sua radiosa realidade, tornar-se-á necessário ao tutelado adornar-se de potenciais psíquicos de ordem elevada, os quais se encontram ainda latentes, sufocados pela materialidade, no interior de cada um, à espera das clarinadas- decisivas do progresso. Age sobre o homem freqüentemente, e o homem não o compreende.

Sente, este, suas manifestações em torno da própria vida, mas geralmente ignora que sejam suas. O Guia Espiritual é a destra do Criador que se espalma sobre o homem,inspirando-o e protegendo-o na espiral difícil, mas gloriosa, do Espírito, rumo da redenção. As doces lendas do passado o denominavam Anjo de Guarda. Seja, porém, qual for o nome que lhe derem, será invariavelmente a dedicação incansável, o amor abnegado até ao sacrifício. Ama seus pupilos com o amor elevado à potência espiritual a que chegou, o que quer dizer que tal sentimento se avoluma e fortalece à proporção que ele próprio ascende na espiral do progresso, rumo da perfeição. O homem desconhece essa modalidade do amor, a qual denominaremos divina, conquanto a Terra já tivesse ocasião de contemplá-la em toda a sua gloriosa expressão.

Lembrai-vos de Jesus, o Cristo do Senhor , amando a Humanidade, por ela incompreendido, mas, ainda assim, oferecendo-se em sacrifício pelo grandioso ideal de atraí-la a si...

Recordai os primitivos cristãos, enamorados da Causa Libertadora aprendida com o Mestre inesquecível, a tudo renunciando, a coisa alguma ambicionando senão merecer desenvolver e multiplicar a divina herança legada pelo Filho do Céu que conviveu entre eles. E com idêntico sentimento que cada um de nós tem a felicidade de ser bem querido por seu Guia Espiritual. Que seria da criatura humana, em luta ininterrupta com a inferioridade dos planos em que se movimenta, no aprendizado cotidiano da experiência, se essa Consciência iluminada pelas próprias virtudes não a seguisse paternalmente expressão celeste do reconforto e do amparo, na existência de cada uma. Assiste-a da selvageria ao coroamento dos méritos, e, na gloriosa peregrinação, colhe para si mesma triunfos maiores, à proporção que a alma tutelada ascende ao progresso. Sofre se o tumultuar das- paixões do protegido, por muito renitentes, lhe dificultam o desempenho da missão de que foi investido. Rejubila-se, porém, sempre que o contempla a conquistar vitórias na peleja contra si mesmo. Pode, de uma vez, tal seja o grau da própria elevação, influenciar sobre cem, sobre mil individualidades diferentes, protegendo-as, a todas inspirando. E no amor do Divino Mensageiro se revigora para as peripécias da avultada missão.

Quando sua elevação, por avantajada e radiosa, ultrapassar as necessidades imanentes ao gênero humano, poderá, se quiser, ingressar em mundos mais bem dotados de moral e de ciência, anelando triunfos novos, glórias crescentes, através do trabalho honroso do Amor como do Progresso Universal, em missões árduas ou tarefas abnegadas. Todavia, geralmente, só o faz quando as pobres almas que lhe foram confiadas o puderem seguir nessa etapa luminosa, caminho do progresso. Raramente as deixa, e só por ordem superior emigrando para outros continentes do Universo Sideral. [...] os obreiros espirituais dessa hierarquia brilhante não medem sacrifícios no desempenho da virtude máxima proclamada pela Lei a Caridade. Porventura o Cristo do Senhor, Seu verbo inconfundível, lídimo representante da Sua lei, não fez muito mais do que reter vibrações a fim de exercer o sublime mandato do socorro pessoal a alguém carente de proteção.

Não se fez homem, convivendo com uma humanidade pecadora. Irradiaria, porém, somente dos altos espaços até o grabato doloroso, pensamentos e vontade, tornando-se, por isso mesmo, presente, e, de sorte, reconfortando o sofredor. Não seria impossível. De qualquer das formas, sua presença ali era real. As entidades espirituais de ordem superior podem refletir a própria personalidade sobre vários pontos da Terra, como do Espaço, a um mesmo tempo, tornando real sua presença em todos eles. São como o Sol, que, suspenso nos eternos abismos do infinito, irradia de suas propriedades generosas, imperecíveis, sobre as montanhas imponentes como para a singeleza dos vales, levando-as ainda a vagar, graciosas, sobre as águas, a aquecer os lares, a fecundar campos, selvas e searas produtivas, favorecendo com seu esplendor até os abismos submarinos, equilibrando a própria existência do planeta e sua humanidade.

E gloriosa, sublime atuação do seu poder, equilibrando e fecundando até mesmo outros mundos e outras humanidades. Assim os Guias Espirituais de elevada hierarquia. Podem reter as vibrações a fim de chegarem até à pobreza da nossa condição. Poderão também distender energias para além e para mais longe, tornando-se presentes aqui como acolá. Bastar-lhes-á ativar a potencialidade brilhante da própria Vontade. E o dom da ubiqüidade, que o Espírito só desenvolverá depois de longas etapas, de romagem fecundas e heróicas através da dobadoura do tempo e do espaço. E o atributo do Criador Supremo projetado em potência relativa, suscetível de progresso, à criatura que se unificou com o divino uma vez que à criatura será facultada, através dos milênios, a suprema glória de refletir a imagem e a semelhança do seu Deus e Criador. [...]”

Espírito: Charles
Obra: Amor e Ódio
Médium: Yvonne do Amaral Pereira


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