1941-2011: 70 anos de publicação do livro Paulo e Estevão – 2ª parte: Gamaliel




Saulo, adolescente ainda, seguiu para Jerusalém, onde se tornou discípulo do grande Gamaliel, no Templo de Salomão, preparando-se para ser um devoto rabino.

Ele mesmo nos fala de Gamaliel, ao se defender perante a multidão de judeus em Jerusalém:
“- Sou judeu, nascido em Tarso, da Cilícia, mas educado nesta cidade, instruído aos pés de Gamaliel na exata observância da leis de nossos pais; estava cheio de zelo por Deus como o estais vós outros no dia de hoje.” (Atos,22:3 e seg.)
Gamaliel, que Emmanuel nos descreve como um sacerdote fariseu tolerante e pacífico, era filho de Hillel, o grande rabi que foi em parte contemporâneo de Cristo (70 a.C. a 10 d.C.).

Hillel é o Espírito convocado por Jesus para fazer parte da implantação do Evangelho na Terra do Cruzeiro, como podemos ler no livro “Brasil, coração do Mundo, Pátria do Evangelho”.

A partir de Hillel, os rabis passaram a desempenhar as tarefas antes atribuídas aos escribas.
Com Hillel, começa a época dos grandes mestres leigos de Israel. Hillel era de origem babilônica e pertenceu à tribo de Davi. Com quarenta anos foi estudar em Jerusalém, pois era hábito dos judeus mais bem-dotados, com inclinação pelos estudos, virem para a capital do Judaísmo sentarem-se aos pés dos grandes mestres, junto à melhor e mais pura fonte de conhecimento da lei. Saulo faria o mesmo, cerca de meio século depois, vindo buscar conhecimento em Gamaliel.

Hillel foi um grande rabi, famoso pela sua humildade, paciência e brandura. Foi quem estabeleceu os três princípios básicos para a vida humana: o amor ao próximo, a paz e o conhecimento da lei. Consta que quando alguém lhe pediu para explicar a lei durante o tempo em que uma pudesse ficar apoiada num só pé, Hillel respondeu:
“- O que é odioso para você não o faça aos outros.”

Ensinava também que não devíamos julgar o nosso próximo antes de nos colocarmos em seu lugar. Foi nomeado por Herodes, o Grande, para Presidente do Sinédrio no ano 30 a. C., cargo que ocupou até a morte, ocorrida quarenta nos depois, já na era cristã. Foi tão amada a sua figura que durante quatrocentos anos o posto foi ocupado hereditariamente pela sua família.

Poucos sabem que Gamaliel, mestre do jovem Saulo, era filho do grande Hillel. Segundo a tradição, Gamaliel deve ter sucedido a seu pai na presidência do Sinédrio. Os historiadores dizem que Gamaliel exercia considerável influência no tribunal judaico, além de ser considerado o melhor mestre da sua época. Foi o primeiro doutor da lei que mereceu o título de Raboni (que significa mestre, professor).

Emmanuel registra seu apelo ao Sinédrio em favor dos discípulos de Jesus.

Foi profunda e positiva sua influência na formação de Saulo, o doutor da lei.

É uma figura da mais alta importância na vida do futuro Apóstolo dos Gentios.

Pouco se preservou dos ensinamentos de Gamaliel, mas o seu prestígio de Raboni imortalizou-se. Um texto no Mixná diz o seguinte: “Quando o raboni Gamaliel, o Velho, morreu, cessou o respeito pelo Torá (o estudo da lei) e morreram a piedade e a pureza.”

Muito ainda teremos a dizer sobre essa notável figura humana, depois que Emmanuel afastou para nós o véu que há quase dois mil anos encobria o grande Raboni. Não é certamente por acaso que o planejamento espiritual o colocou no caminho de Saulo.

Gamaliel foi um dos amigos que restou a Saulo, após a visão de Damasco. Das ruínas de seu passado de fariseu salvou-se um amigo, e dos grandes: Gamaliel.

Rabino respeitado, erudito, tolerante e que, quando chegou a hora certa, recebeu também o Cristo, sem mais forças nem vida para trabalhar por Ele, mas também sem reservas e sem concessões aos preconceitos de sua raça, de seus amigos, de seus parentes, que o consideravam um louco manso.

É injusto dizer que não trabalhou pelo Cristo: serviu-o fielmente de maneira decisiva junto ao espírito ardente de Saulo. Foi quem pregou ao jovem discípulo a moderação e a tolerância diante dos primeiros cristãos, salvando Pedro, João e Felipe da morte certa. Foi quem acolheu Saulo, depois de Damasco, e debateu com o discípulo a crise espiritual em que este mergulhara. Foi ele quem o aconselhou a um período de retiro para meditação e amadurecimento. Foi quem o instruiu na Lei Antiga e o introduziu sutilmente ao exame da Boa Nova. Parece que se despede de Saulo à porta dos fundos do farisaísmo e vai recebê-lo à soleira do Cristianismo, para entregá-lo a outros companheiros, pois que ele, velho e cansado no corpo, está com sua tarefa concluída. É Moisés entregando a Josué a Terra da Promissão.

Fontes utilizadas para elaboração do texto acima: livro Paulo e Estevão, de Emmanuel, psicografia de Chico Xavier, FEB e livro As marcas do Cristo – Paulo, o Apóstolo dos Gentios, vol. 1, de Hermínio C. Miranda, FEB, 6ª Ed., 2010. Imagem: Projeto Imagem

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